Dia 1/4/2022
Com a proposta de avaliar e debater os indicadores econômicos da safra 20/21, entender melhor o clima e seus efeitos em tempos de La Niña, além de projetar safras futuras, chamando a atenção para a gestão do caixa, o Grupo Agros realizou no dia 15 de dezembro, em Santa Maria, no coração do Rio Grande do Sul, a 23ª edição do AgrosXXI Técnico. Neste ano, contudo, o evento foi além dos painéis repletos de dados, informações e conhecimento; a atividade foi pontuada, também, pela oportunidade do reencontro, permitindo que mais de 100 clientes, parceiros e colaboradores da empresa pudessem, depois do distanciamento físico imposto pela pandemia, voltar a trocar um aperto de mão, uma palavra amiga ou um abraço – respeitando, sempre, as regras sanitárias vigentes.
Safra histórica Neste ambiente de retomada, a primeira palestra, proferida pelo gerente e sócio da Assessoria do Grupo, Carlos Fiorin, discutiu a safra 20/21 – responsável por trazer excelentes resultados aos produtores, tendo sido classificada, com base no histórico de mais de duas décadas de análises da Agros, como a melhor do período em termos de lucratividade (38 scs/ha de lucro), apresentando, ainda, bom desempenho em produtividade média da soja (66 scs/ha), ao lado de 14/15 e um pouco atrás de 16/17 (70 scs/ha). Com os olhos no presente, Carlos também lembrou que a safra 21/22 tende a repetir números favoráveis, especialmente àqueles que atuam com os custos de 20/21. Ele, no entanto, foi um dos que chamou a atenção para a necessidade da boa gestão financeira pensando em 22/23, que promete patamares médios de resultado – tema que foi abordado com mais profundidade pelos sócios da Consultoria da empresa da Agros, Lucas Broch e Márcia Barbieri.
Necessidade de caixas cada vez mais robustos De antemão, ao lembrar que ano a ano as safras têm demandado mais caixa, Lucas e Márcia esclareceram os motivos que levam o produtor a ter a sensação de estar com o caixa apertado, mesmo após 2 safras de bons resultados; apresentaram os fatores que evidenciam o novo momento da agricultura, apresentando, ainda, elementos determinantes para a sustentabilidade do negócio, com ênfase ao crédito; consistência das informações para a tomada de decisões; e a gestão do risco (análise de viabilidade do investimento, simulação de cenário e testes de stress de caixa), numa composição que caminha de mãos dadas com a produtividade. Eles também observaram as taxas de retorno obtidas pelos produtores que, seguindo recomendação da Agros, anteciparam a compra de insumos nas duas últimas safras. “A compra dos insumos antecipada garantiu preços baixos, impactando os custos de produção juntamente com a venda de forma “fracionada” do produto, permitindo obter preço médio elevado e aumento da receita, em decorrência disso, tivemos resultados excelentes”, observaram os painelistas. Lucas e Márcia, todavia, reforçaram que a hora é de aproveitar as safras acima da curva para gerar caixa, visto que a tendência para 22/23 é o retorno à ‘margem média histórica’ – o que implica entender onde estão os maiores custos e o que pode ser feito para reduzi-los.
Atenção à La Niña Na sequência, a questão climática subiu ao palco, mostrando que o segundo ano consecutivo de La Niña tem potencializado os efeitos da estiagem na região Sul – trazendo perdas importantes para o milho –, e contribuído para o excesso de chuvas no Centro e Norte, com enchentes e alagamentos. Fica o alerta, porém, que a anomalia, abordada pelo agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, não ficará para trás com a virada do calendário, devendo persistir no raiar de 2022, o que pode acarretar prejuízos à soja – em razão da seca no Sul; e da sequência de chuvas em pontos do Norte e Centro. Conforme o especialista, a La Niña – responsável por promover mudança anormal de pressão da atmosfera no Oceano Pacífico, causando seu resfriamento –, começou a ser sentida no início de novembro e permanece ativa. “Embora o pico do fenômeno tenha sido alcançado em novembro e dezembro, ele se mantém com impactos em janeiro e fevereiro por conta do delay entre o oceano e a atmosfera”, explicou Marco Antônio, que prevê um janeiro com poucas chuvas e menor umidade; complicações que devem ser notadas em fevereiro, mês vital para o desenvolvimento da soja. As regiões mais afetas pela estiagem serão: Rio Grande do Sul; Santa Catarina; Oeste e Norte do Paraná (o Leste não deve sofrer), Sul do Mato Grosso do Sul e o Paraguai.
Ferramenta para alavancar o agronegócio O evento foi encerrado pela direção do Grupo Agros, que agradeceu a presença do público e falou sobre a satisfação em promover mais um AgrosXXI, fazendo menção, ainda, ao legado do fundador da empresa, Beto Coimbra, falecido em 2019. O evento chegou ao final com as palavras de Gilnei Molossi, enfatizando o papel do Grupo em transformar realidades, atuando como ferramenta para alavancar o agronegócio.